O crescimento do uso de medicamentos para depressão nos últimos sete anos tem levantado preocupações sobre os efeitos da sua interrupção. Um estudo recente divulgado na revista Lancet Psychiatry revelou que uma a cada três pessoas volta a apresentar sintomas após cessar o tratamento.
Entre os 21.000 pacientes analisados, 3% desenvolveram sintomas graves, como irritação, insônia, náuseas e dor de cabeça, que podem surgir em até duas semanas após a descontinuação do medicamento. A pesquisa conduzida pela Universidade de Medicina de Berlim e a Universidade de Colônia examinou diversos estudos clínicos, considerando diferentes tipos de psicoativos, tempo de uso e qualidade dos levantamentos.
O Dr. Jonathan Henssler, líder do grupo de Saúde Mental Baseada em Evidências da Universidade de Medicina de Berlim, ressaltou que apenas metade dos sintomas pode ser atribuída ao fármaco, devido ao possível efeito placebo presente em parte dos estudos. Esse fenômeno, conhecido como “efeito nocebo”, se refere às sugestões psicológicas que podem influenciar os resultados ao criar expectativas negativas em relação ao tratamento.
Os pesquisadores destacam que a questão da descontinuação desses medicamentos tem sido subestimada por muitos anos, mas atualmente vem recebendo mais atenção. Na Alemanha, foram prescritas cerca de 1,8 bilhão de doses diárias de antidepressivos em 2022, enquanto no Brasil houve um aumento de aproximadamente 17% no uso desses medicamentos durante a pandemia.
O professor Dr. Christopher Baethge, do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia da Universidade de Colônia, salientou que tanto a comunidade científica quanto o público têm se envolvido ativamente nas discussões sobre a frequência e gravidade dos sintomas decorrentes da interrupção desses medicamentos.
Em resumo, a interrupção de antidepressivos pode acarretar em efeitos adversos, sendo essencial um acompanhamento médico adequado. A relevância desse tema vem ganhando destaque e é crucial promover uma conscientização sobre os possíveis impactos da descontinuação desses medicamentos.
*Este texto foi revisado por Jorge Fernando Rodrigues.
Especialista com vasta experiência em redação de artigos para sites e blogs, faço parte da equipe do site Psicologia para Curiosos na criação de artigos e conteúdos de benefícios sociais.