Síndrome do Tarzan: descubra o fenômeno que afeta relacionamentos

Não é raro que algumas pessoas comecem um novo relacionamento logo após o término. Esse comportamento é conhecido nas redes sociais como Padrão Tarzan – uma referência ao personagem que procura segurar um cipó antes de soltar o outro em que está preso.

Em uma entrevista à CNN, a psicóloga especializada em saúde mental Andrea Nubile analisou esse fenômeno. “As razões que levam alguém a buscar repetidamente relacionamentos estão profundamente ligadas ao contexto social, histórico, cultural e político em que vivemos”.

“Essa busca constante é uma tentativa de encontrar apoio, pertencimento e reconhecimento em um cenário que nem sempre oferece uma base relacional sólida o suficiente para sustentar esses laços de forma satisfatória”, acrescentou.

Como resultado, as pessoas que se encaixam no Padrão Tarzan acabam revivendo constantemente ciclos de idealização e busca por segurança, seguidos por frustração e desilusão. “A falta de um ambiente relacional saudável impede a construção de vínculos emocionais profundos”.

Para a psicóloga Carla Melo, a criação individual também influencia a maneira como as pessoas encaram os relacionamentos. “Alguns indivíduos podem ter aprendido que estar em um relacionamento é essencial para a felicidade, criando um ciclo constante de busca por novas conexões”, afirmou à CNN.

“Além disso, a sociedade contemporânea não prepara as pessoas para lidar com as complexidades, frustrações, nuances e contradições presentes em qualquer relacionamento. Muitas vezes, as redes sociais e os relacionamentos mediados por tecnologias online só reforçam esse ciclo de desilusão”, apontou Andrea.

De acordo com a especialista, a insegurança é outro fator que impulsiona esse comportamento, pois a busca constante por validação externa leva as pessoas a verem um novo relacionamento como uma forma de reafirmar seu valor e atratividade após um término.

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“O medo da solidão pode levar a decisões impulsivas, levando a entrar em um novo relacionamento antes de processar o anterior”, explicou Carla.

Como quebrar esse ciclo?

Tanto Andrea Nubile quanto Carla Melo concordam que esse padrão leva a relações cada vez mais superficiais e impede a pessoa de superar o término e aprender com as experiências passadas.

“A rapidez nas transições pode gerar estresse emocional e ansiedade, contribuindo para problemas de saúde mental. Superar esse ciclo pode ser desafiador por diversos motivos. Muitas pessoas não reconhecem que estão presas em um ciclo destrutivo, o que dificulta a busca por mudança, que pode ser assustadora”, explicou Carla.

Uma das sugestões para interromper esse ciclo é investir em um período de autocuidado. “Dedicar tempo a si mesmo e refletir sobre experiências anteriores pode ajudar a compreender melhor suas necessidades e comportamentos”, assegurou Melo.

“A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para trabalhar questões de dependência emocional, insegurança e padrões de relacionamento. Focar em hobbies, amizades e interesses pessoais pode auxiliar na construção de uma identidade independente de relacionamentos românticos”, complementou.

A especialista enfatizou também a importância de enfrentar o luto e a dor após o término de um relacionamento como um passo saudável e crucial para o crescimento emocional.